quinta-feira, outubro 4

Religião e Política

Tenho que confessar que me irrita bastante os ataques que Giuliani tem recebido por partes de vários bispos católicos americanos. Dado que é o único republicano na corrida para a nomeação presidencial assumindo-se como pro-choice, já foram dois os bispos que criticaram abertamente a posição de Giuliani. Se é verdade que como bispos possuem a responsabilidade de defenderem a doutrina católica, também é verdade que se impõe que sejam imparciais nas críticas que fazem e a quem fazem.

Com candidatos democratas católicos, assumidamente pro-choice, favoráveis à utilização de fundos públicos para o financiamento de abortos (Giuliani é contra) e contra a recente decisão do Supremo de banir o partial-birth abortion (Giuliani aplaudiu a decisão), por que razão o republicano é o alvo preferencial?

O "silêncio" por parte da maioria dos bispos católicos com John Kerry, diz muito sobre como alguns sectores religiosos ainda consideram o Partido Republicano como o seu feudo, comparativamente com os democratas. Esta distorção religioso-política é perigosa e insustentável, e na minha opinião deveria constituir um motivo de vergonha para políticos e católicos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Em 2004 a candidatura de Kerry gerou imenso celeuma nos meios católicos americanos, pois vários bispos (mais do que os dois que agora dizes terem criticado Giulinani) se insurgiram contra o catolicismo incoerente de Kerry.

Na altura o debate andou à volta da questão de se seria lícito dar-lhe a comunhão, enquanto ele mantinha publicamente posições gravemente contrárias à doutrina da Igreja. Julgo que houve até uma comunicação conjunta da Conferência Episcopal (= muitos bispos!).

Acho que podemos dizer que tanto os democratas como os republicanos têm apanhado na cabeça...

A mim agrada-me algo nas eleições americanas: a questão Pro-life/pro-choice é muito mais cristalina. Sabe-se sempre exactamente o que pensam sobre o assunto e o que vão fazer. Assim o voto é mais esclarecido. Aqui em Portugal há uma tendência para serem mais indefinidos (exemplo: PSD!).

Pedro

Bruno Gouveia Gonçalves disse...

Pedro,

Confesso que não tinha essa percepção, mas agora fiquei curioso sobre a existência dessa comunicação da USCCB.

O meu ponto era mais focar a atenção sobre os comentários neste ponto da campanha. Com candidatos democratas católicos (pelo menos dois, assim de memória) pro-choice, só tenho conhecimento de críticas ao Giuliani. Nem vou entrar se deveria ser o bispo da sua diocese ou não a fazer os avisos.

Por último, é verdade que é bem mais cristalina, como dizes. Mas confesso que não sei qual seria o benefício de conhecer essas posições visto que não teria repercussões em Portugal.