sexta-feira, março 30

Sobre o Irão

Estratégia e tragédia, por Fernando Gabriel:

A sobrevivência do regime islâmico iraniano depende crucialmente da concretização das ambições de projecção imperial, mas ao prosseguir essas intimações geopolíticas poderão apressar a queda do regime. Essa é a natureza da tragédia política persa.

A passagem de exportador a importador líquido de combustíveis do Irão no prazo de uma a duas décadas é a semente do expansionismo: um dos benefícios que Teerão antecipa do caos iraquiano é o controlo dos campos petrolíferos nas províncias de Maysan e Basra, as áreas do Iraque de maior influência xhiita.

Pequenos Grandes Monstros


O editorial de hoje de José Manuel Fernandes no Público coloca o dedo na ferida. A verdade é que com um simples cartaz numa rua de Lisboa, o PNR conseguiu a atenção de todo um país, de norte a sul.

A discussão que decorreu no parlamento foi, como se previa, no sentido de ponderar a ilegalidade da mensagem do cartaz e se no futuro não se deveria aprovar legislação para impedir este tipo de mensagens. Esta linha de pensamento e de acção constituiu um erro. As ideias extremistas veiculadas num cartaz, não nos devem sujeitar a entrar no campo da proibição. Que se critique, que se debata e que se mostre como posições daquelas não são compatíveis com os nossos princípios. Arrumar o assunto escondendo-o, é a pior estratégia que pode ser desenvolvida. É que para além de continuar a dar mais publicidade ao grupo, um dia descobrimos que aquele mísero cartaz transformou-se num pequeno monstro, sem que nós nos tenhamos dado conta disso.

Be Afraid

Be afraid. But not of global warming — the Greens are out to get us, por Václav Klaus:

As someone who lived under communism for most of my life, I feel obliged to say that the biggest threat to freedom, democracy, the market economy and prosperity at the beginning of the 21st century is not communism or its various softer variants. Communism was replaced by the threat of ambitious environmentalism. This ideology preaches earth and nature and under the slogans of their protection — similarly to the old Marxists — wants to replace the free and spontaneous evolution of mankind by a sort of central (now global) planning of the whole world.

The environmentalists consider their ideas and arguments to be an undisputable truth and use sophisticated methods of media manipulation and PR campaigns to exert pressure on policymakers to achieve their goals. Their argumentation is based on the spreading of fear and panic by declaring the future of the world to be under serious threat. In such an atmosphere, they continue pushing policymakers to adopt illiberal measures, impose arbitrary limits, regulations, prohibitions and restrictions on everyday human activities and make people subject to omnipotent bureaucratic decision-making. To use the words of Friedrich Hayek, they try to stop free, spontaneous human action and replace it by their own, very doubtful human design.

quinta-feira, março 29

Convite (sort of)

(clique para aumentar)


Jovem, tens mais de 12 anos, gostas de desacatos bloquistas, marchas pelas ruas, insultar aqueles que ganham muito dinheiro por mérito próprio e aprender argumentos usados na URSS, não percas tempo! Vai já inscrever-te!

Agora a sério, até achava piada em ir a um colóquio destes. Sim, não estou a brincar. Todos têm curiosidades assim a tender para o "mórbidas". Uma das minhas, é compreender como ainda é possível discutir ideias mais que enterradas, para uma plateia em pleno século XXI.

Mais um actor a caminho da Casa Branca?


"Law & Order" star and former U.S. senator Fred Dalton Thompson is considering a bid for the White House that would test whether Hollywood can once again launch a Republican to the world's premier political stage.

quarta-feira, março 28

"Milton Friedman" Giuliani


Recomendo a leitura desta fantástica entrevista a Rudy Giuliani, o ex-Mayor de Nova Iorque, onde este mostra claramente as suas posições em diversos temas "quentes". Os comentários à entrevista, não se fizeram esperar:



Surpreendido? (2)

O que está mesmo em causa neste comentário de Pacheco Pereira, é que este dá a entender que o facto de certos blogs de "direita" terem difundido o vídeo de Odete Santos põe em causa a honestidade política e intelectual da deputada. Sinceramente, não esperava este tipo de associações por parte de JPP.

Surpreendido?

O biógrafo de Álvaro Cunhal, defende a defensora de Álvaro Cunhal.

Sobre os Grandes Portugueses

Tinha pensado escrever algumas linhas sobre a vitória de Salazar no concurso da RTP, mas dado que já li tantas opiniões com que concordo, é bem mais fácil recomendar um texto, como por exemplo este do AMN n'O Insurgente.

E só mais uma coisa. Aos que ainda estão a tremer desde Domingo, vão beber um café ali à esquina a ver se relaxam. O pânico e a preocupação de certas opiniões que por aí andam são completamente ridículos. Como já tantas pessoas referiram, este é apenas um concurso RTP, para entreter e nada mais.

100% de acordo

Eu também preferia limpar este episódio da minha memória...

terça-feira, março 27

Ainda sobre a Identidade Nacional

Segoléne Royal parece estar a abrir uma nova frente de campanha:



Notas sobre o debate

1. Não estavam apenas engenheiros na sala. Como tal, existiram pessoas que consideraram certos temas um pouco ridículos para estarem ali a ser discutidos.

2. Ficou claro que não existe, nem nunca haverá consenso entre os engenheiros. Sejam estudos preliminares ou conclusivos, irá existir quem não esteja convencido.

3. Houve discursos completamente demagógicos e incoerentes, e não é necessário perceber muito de engenharia para o compreender. Basta estar atento ao discurso. O engenheiro Ravara foi nesse aspecto exímio. Não me conseguiu convencer uma única vez. Não apresentou nenhum argumento fidedigno, a não ser a pressa em construir um novo aeroporto (e ainda por cima mal).

4. Do lado que defendia outras alternativas à Ota, apenas gostei de ouvir o Prof. José Manuel Viegas. Parecia-me a pessoa mais capaz, mais coerente e mais preparada, de longe, para o debate.

5. Percebeu-se que a Ota é um autêntico pântano. Os senhores a favor deste projecto não mostram qualquer remorso em ter que colocar cerca de 200 000 estacas para ultrapassar o problema, mesmo que isso tenha um custo astronómico. A engenharia portuguesa é de luxo!

6. A recusa de outras alternativas, por parte dos defensores da Ota, apenas utilizando o argumento "tempo" foi surreal. A arte técnica dos engenheiros portugueses pode ser exímia. Porém, os seus relógios não o são e todos os que estavam na sala sabiam disso.

7. Houve partes incrivelmente chatas, julgo que normais, dado o número de engenheiros presentes na sala. Duvido que as pessoas tenham aguentado a maior parte delas. Fizeram bem em fugir à maior parte delas... Eu não pude.

8. A fase dos "sobreiros" chegou a um ponto que aquilo era ridículo. Será que apenas os "não-engenheiros" se aperceberam disso?

9. A claque contra a Ota era mais forte que a claque a favor.

10. Sinceramente não percebi porque razão o sr. engenheiro Ravara tão ardentemente deseja um novo aeroporto para competir com o hub espanhol. É que ele não deu uma única razão para isso.

11. Falou-se muito pouco de turismo, um tema essencial neste tema. Provavelmente já todos conhecem os resultados (péssimos para a Ota), but still, era uma questão a ser abordada.

12. Durante o programa, o fanatismo e o fundamentalismo de certos argumentos eram mais que notórios. Seja no ambiente, seja em casos concretos como a fatídica contagem decrescente da Portela.

segunda-feira, março 26

Prós e Contras

Vou assistir ao vivo ao debate. Comentários, apenas quando regressar.

Mais uma demissão no CDS

Grandes Portugueses

Não vi o programa, mas aparentemente perdi uma noite memorável. Quem diria que para além do CDS, ainda pode existir quem consiga fazer um show que agarre as pessoas à tv. Começo a ficar convencido que o segredo reside nalguns cartões...

sábado, março 24

Expresso

Depois de ler várias páginas, tive que voltar a ver a capa, apenas para confirmar que não se tratava do Inimigo Público. Depois desta semana, acho que é normal.

Frases do meu dia (1)

Só mesmo com umas ganzas, é que conseguimos perceber o programa do BE...

Why Is Rudy Smiling?


Europa

Europe, Old and New, no Wall Street Journal:

The bloc's economic record is mixed. This is still a Europe of wasteful farm subsidies, low growth and high unemployment, with rising protectionism and a regulatory zeal unmatched anywhere in the free world. Yet the bad ideas tend to come from bad leaders. When the Brussels bureaucracy and dreams of creating a super-state are checked by a vigilant media and national governments, the Europe construct itself can be market friendly. In the past two decades, the EU on balance has done more to open the door to greater competition than provide a back door, as Margaret Thatcher feared, for welfare policies.

Why? Most crucially, the 1957 Treaty of Rome was inspired by free-market principles. The EU is the world's largest zone for the free movement of goods, capital and people. When individual countries have tried to blunt those freedoms, Brussels has often fought back with vigor. The euro, the world's most successful currency union, has lowered interest rates, promoted internal trade by removing exchange-rate risks and--especially in the Latin countries--made it impossible for governments to inflate their way out of trouble.

Europe's diversity and growing size are also strengths. For each dysfunctional Italy, there's a booming Britain or Estonia or Denmark showing how market-friendly policies pay dividends. In a wider Europe, good ideas squeeze out the bad. The Eastern Europeans have popularized low and flat taxes. Boom-town London is home to hundreds of thousands of Poles and Frenchmen, whose departure is an electoral issue in their native countries, where politicians are realizing they must compete to keep their brightest at home.

(...)

The Continent's leaders could do worse than use their Berlin party this weekend to send the message that Europe's traditional openness--to trade, people, new countries--is the cornerstone of a half-century of success. These first principles from 50 years ago are still worth fighting for.

França - Sondagens

Nicolas Sarkozy: 29%

Ségolène Royal: 25%

François Bayrou: 18%

sexta-feira, março 23

300


Tive hoje oportunidade de ver o trailer do filme. Pelo menos a nível gráfico, parece estar fantástico. A estreia é já a 5 de Abril.

Man cheng jin dai huang jin jia



quinta-feira, março 22

YouTube politics


Depois do fantástico vídeo de Hillary Clinton e do vídeo de Edwards, está mais que visto que os candidatos às eleições presidenciais americanas não conseguem ter o controle da sua própria campanha. Um simples vídeo produzido por um desconhecido é capaz originar uma avalanche de problemas aos candidatos. Ladies and gentlemen, welcome to the YouTube era.

quarta-feira, março 21

A Alternativa liberal?

Concordo com praticamente tudo o que aqui diz o Tiago Mendes no Diário Económico. Apenas o benefício da dúvida, que o Tiago concede a Paula Teixeira da Cruz, é que poderia alterar.

Não tenho dúvidas que Paula Teixeira da Cruz parece ser das pessoas mais capazes e competentes no seio do PSD, mas não sou da opinião que esta possa enveredar por uma alternativa liberal. Lembro-me de ler no Público, quando se discutia a reforma da Segurança Social, a sua rejeição de uma matriz liberal para o PSD, assumindo e defendendo a sua matriz social-democrata...

terça-feira, março 20

As grandes questões para 2008


- Can Hillary Clinton reconcile with her leftist friends who are disturbed by her vote in support of the Iraq war?




- Can a man who wears neither boxers nor briefs because he is Mormon and his church prescribes something different, appeal to evangelical Christians?




- Will John McCain's comb-over, or something under it, come unglued?




- Can Barack Obama say anything that isn't painfully platitudinous, mindlessly leftist, or both?




- Can America's mayor win support from enough social conservatives to win the Republican nomination?

Estas interessantes questões, formuladas por Peter Mulhern, vão dominar a campanha dos candidatos.

O facto de John Edwards não constar nesta selecção é para mim um erro. Embora as campanhas de Hillary e de Obama estejam a correr bem melhor, Edwards ainda é um candidato que não deve ser menosprezado. O facto do Estado onde venceu a única primária em 2004, ser agora dominado pelos seus dois oponentes democratas, mostram que perdeu alguma força. De qualquer das formas, julgo ser ainda muito cedo para o excluir da corrida.

Mas sobre o perfil de Giulliani, e tentando responder a esta última grande questão, vale a pena ler o artigo na íntegra.

Azevedo II



Paulo Azevedo é o novo presidente executivo da Sonae.

segunda-feira, março 19

França (II)




Mais uma razão para não votar na Sra. Royal. Se não me falha a memória, este já é o terceiro referendo que a candidata promete! Parece-me que ela está a levar o conceito de démocratie participative um pouco longe demais... Ou será que não é simplesmente capaz de assumir uma posição?

França


Miséria (4)

Quando me referi a "próximos episódios", confesso que não esperava que tal acontecesse tão cedo. Esta troca de palavras e acusações mostra o pior que um partido tem. O discurso de ataque e de vitimização, está a aniquilar o que restou de ontem. Uma coisa é certa. Hoje, não se discute o partido e muito menos as decisões tomadas ontem.

Miséria (3)

Maria José Nogueira Pinto acusou um deputado do CDS, Hélder Amaral, de a ter agredido fisicamente, ontem durante o Conselho Nacional do CDS. E responsabiliza Paulo Portas por «cenas» que lembram «o pior do PREC».

Maria José Nogueira Pinto disse que existem «imagens e som gravado» que provam as suas afirmações.

«Interrrogo-me como pode o Dr. Paulo Portas federar a direita e estrear-se com esta cena», afirmou esta tarde em conferência de imprensa a presidente do Conselho Nacional do CDS.

Miséria (2)

O presidente do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, acusou hoje Paulo Portas de ter mentido no encerramento dos trabalhos do Conselho Nacional e prometeu para o final do dia uma declaração sobre a reunião de ontem.

(...)

"O dr. Paulo Portas mentiu no encerramento dos trabalhos (...) Há mentiras que foram ditas e há factos que foram omitidos", acusou o líder do CDS-PP, à entrada para um almoço sobre os desafios da CPLP na sede do partido.

Miséria

O espectáculo de ontem que decorreu para os lados de Óbidos, revela o partido miserável em que se tornou o CDS/PP. O estado de autêntica guerra civil no interior do partido, perpetrado pelos mesmos militantes que se querem assumir como uma oposição responsável e que não hesitam em recorrer a insultos contra tudo e todos é impressionante. É deprimente ver pessoas ainda a suspirarem por um ressurgimento de uma nova direita liberal, olhando para o que ainda resta desta triste anedota.

Todos acreditavam que o regresso de Paulo Portas seria o regresso do filho pródigo. O partido, depois de uma travessia no deserto, regressaria renovado. Tretas. O partido está em cacos. O líder que eventualmente vencer o partido possuirá uma tarefa quase impossível. Depois da purga que terá de efectuar a um partido de rastos, terá que convencer um eleitorado céptico que assistiu a estes e aos próximos episódios, que este é um partido sério e disposto a governar... E não creio que os portugueses tenham assim tanta imaginação...

Eu sinceramente tenho pena de alguns militantes do partido. Como é possível ainda acreditar e estar envolvido neste show? Maria José Nogueira Pinto ameaçou ontem abandonar o partido. Louvo-lhe a ética e o bom senso. Até António Pires de Lima esteve quase certo: não, os partidos de esquerda já não se riem, sentem pena do que está a acontecer. A comédia tornou-se um drama já há algum tempo...

domingo, março 18

Últimas de Cuba

Aparentemente, a sala de imprensa do regime cubano foi transferida de Caracas para La Paz.

sábado, março 17

Quotas

O parlamento espanhol acaba de aprovar legislação, de modo a incentivar a participação das mulheres na política e no mundo empresarial. A época das quotas chegou a Espanha.

Ota

Parece que as opiniões começam a alterar-se ao "nível técnico", mesmo com as pressões políticas. Boas notícias.

quinta-feira, março 15

História

Há coisas que não mudam na História. A cobiça pelo dinheiro dos judeus é uma delas.

Censura



E com isto, fiquei a saber que este blog está bloqueado na China... Pode ser novo, mas parece já ter o suficiente para não poder ser visto por 1,3 biliões de chineses...

quarta-feira, março 14

Geração 2009

No início, ainda dei o benefício da dúvida. Agora, é cada vez mais claro que esta geração não leva o CDS a lado nenhum, quanto mais o país...

Ainda sobre o novo blog do MAI...

Sinceramente não compreendo essa aparente incompatibilidade em ter um blog e ser ministro. Adorava que me explicassem.

terça-feira, março 13

Censura

China to increase censorship of bloggers, no IHT:

China will intensify controls of the growing numbers of bloggers using the Internet to lay bare their thoughts, politics and even bodies, the country's chief censor has announced.

(...)

"We must recognize that in an era when the Internet is developing at a breakneck pace, government oversight and control measures and means are facing new tests," Long told members of China's national Parliament on Monday, the report said. Long singled out bloggers as one challenge.

Long said "citizens' freedom of expression would be fully protected."

Na blogosfera

António Costa não perdeu tempo. O ministro da Administração Interna acaba de lançar o seu próprio blog, de modo a dar resposta ao crescente número de críticos ao novo plano de reformulação das forças de segurança. Como já o disse, esta proposta levanta sérias dúvidas no que se refere às liberdades dos cidadãos.

A criação deste espaço mostra de forma clara que a discussão e o debate político passa cada vez mais pela blogosfera. Numa sociedade com cada vez mais acesso ao meio digital, os blogs assumem-se como uma ferramenta única para cativar e convencer uma cada vez maior parte da sociedade. O executivo de José Sócrates, na pessoa do MAI, acaba de comprovar isso mesmo.

segunda-feira, março 12

O (in)sucesso da viagem de Bush pela América Latina


President Bush reaches across the table to toast with Colombian President Alvaro Uribe during their social lunch at the Narino Palace in Bogota, March 11, 2007. (Reuters)

Quem sabe,

até podia ser uma boa ideia.

domingo, março 11

Get with it, Europe

Get with it, Europe, por Simon Tilford no IHT.

Ministério para a Imigração e Identidade Nacional


Está a originar muita polémica a última ideia de Nicolas Sarkozy, o candidato de centro-direita às presidenciais francesas. Numa tentativa óbvia de seduzir o eleitorado da Frente Nacional, Sarkozy propõe a criação de um novo ministério para a Imigração e Identidade Nacional. No país com a maior comunidade muçulmana da Europa e onde os conflitos nos subúrbios de Paris ainda persistem na mente das pessoas, este anúncio promete originar uma grande discussão. E sejamos claros, Sarkozy apenas tem a ganhar com isso. Não é preciso uma sondagem para percebermos que o tema da imigração está no topo das preocupações dos franceses.

A grande revolta contra a ideia, liderada pelos socialistas, está relacionada com a parte da "Identidade Nacional". O PS acusa Sarkozy de incutir propositadamente uma designação racista nos imigrantes. É certo que o nome constitui mais uma provocação e um incentivo à discussão, do que propriamente algo efectivo para um ministério. Com esta proposta, Sarkozy mostra à França e à Europa, que é tempo de começar a discutir e a perceber o que significa a identidade nacional e a identidade europeia no séc. XXI. Proteger-se na capa do século passado, de fechar os olhos a uma sociedade que mudou radicalmente nas últimas décadas, não leva a lado nenhum. Os franceses e os europeus necessitam de começar a perceber o mundo em que vivem, e principalmente, como querem viver.

Já não era sem tempo...


sexta-feira, março 9

Sobre as vitórias ambientais


Não posso deixar de sorrir, ao ler a notícia sobre o grau de satisfação de José Sócrates, em relação ao acordo europeu para fazer frente às alterações climáticas. O governo português compromete-se, bem como os restantes executivos europeus, a cortarem em 20% a emissão de gases com efeito de estufa e aumentar a produção de energia renováveis. Com a nossa história de bons cumpridores de metas, seremos sem sombra de dúvida pioneiros nesta questão fulcral, tal como fomos em tantas outras. Até Al Gore já nos abençoou com duas visitas a Portugal, onde impulsionou uma "elite" a desembolsar avultadas somas de dinheiro para o ver a mostrar meia-dúzia de pandas que podem morrer afogados com o aumento das águas dos oceanos. Os sinais são mais que evidentes.

Mas ouve outras conclusões da cimeira. O PM português elogiou a posição da União Europeia na matéria, já que considera esta uma prova de credibilidade e liderança política. É verdade que José Sócrates no seu discurso no Parlamento Europeu, exprimiu a vontade de ver a União Europeia tomar o papel de líder em várias questões internacionais. Porém, com a crise iraniana ainda por resolver, a competição económica dos grandes mercados asiáticos, o problema da imigração, a guerra no Iraque, a luta contra o terrorismo, entre outros, esta não me parece ser uma prioridade e como tal, não valorizo muito esta "vitória" política da UE. E não nos esqueçamos que este acordo continua a ser apenas uma promessa.

Third Man, Third Way (2)

François Bayrou accède au statut de grand candidat.

quinta-feira, março 8

Third Man, Third Way


"I am a democrat. I am a Clintonian. I am a man of the 'third way'"

François Bayrou continua a subir nas sondagens. As capas dos jornais franceses, que já pertenceram a Sarkozy ou Royal, viraram-se para este candidato. A possibilidade de conseguir entrar na segunda volta já é encarada como possível em alguns círculos.

Acusa a direita de estar conivente com o grande capital. Acusa a esquerda de ser refém de um modelo socialista que não já não funciona. Assume-se situado ao centro, mas a sua base de votos ocupa outros espectros. A aparente desilusão com a alternância "direita"/"esquerda" parece constituir o seu maior trunfo. A percentagem de indecisos nunca esteve tão alta para umas eleições e Bayrou está numa posição privilegiada para colher uma grande parte desses votos. Royal e Sarkozy já se aperceberam disso, tendo já começado a trabalhar, quase em união, para bloquear o seu avanço.

Até há pouco tempo, os principais comentadores previam que esta seria uma campanha sem nenhuma surpresa, dominada pela dupla Sarkozy vs Royal. Enganaram-se. Algo me diz que as surpresas ainda não acabaram.

Advogados

Podem ser um autêntico pesadelo, quando se trata de negociar um acordo.

quarta-feira, março 7

The look and the brain


Aparentemente nesta viagem a Berlim, Segoléne Royal não cometeu nenhum gaffe. Depois de uma série de momentos embaraçosos para a candidata, parece que já começou a compreender que os franceses não perdoam candidatos mal preparados. Infelizmente, o problema de Royal é um pouco mais profundo. Tentar apresentar-se como alguém de uma nova geração de políticos, com um programa socialista dos anos 80, é uma tarefa difícil. Os sorrisos ajudam, mas são insuficientes. Talvez Mme. Merkel seja capaz de lhe ensinar uns truques, de governação é claro... A nível visual, ela tem sem dúvida a lição bem estudada...

Diz um... Democrata

Poder


O executivo de José Sócrates anunciou a nova orgânica das forças policiais. O primeiro ministro, por intermédio do secretário-geral para a Segurança Interna (SGSI), passará a receber informação da PSP, GNR, PJ e SEF.

Logo no início do mandato do governo socialista, José Sócrates passou a ter a tutela dos Serviços de Informação portugueses (SIS e SIED), através de um secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).

É certo que no contexto actual é indispensável que os serviços de segurança executem as suas tarefas de forma eficaz e rápida. A concentração de meios poderá ajudar nesse sentido. Porém, causa-me algum desconforto esta acumulação de poder num só cargo. É que a segurança dos cidadãos não pode, nem deve, ser feita à custa de determinados preços.

O Inominável

"I can't go on, I'll go on."

É desta forma que termina o livro "O Inominável" de Samuel Beckett. É desta forma que resolvi inaugurar este espaço.