O espectáculo degradante que rodeia as eleições directas no PSD continua a hipotecar a pouca credibilidade que resta ao partido. Cada vez é mais claro que independentemente do vencedor nestas eleições, o PSD sairá um partido fragmentado, reduzido a várias facções e com inúmeras personalidades social-democratas a prestarem vassalagem a José Sócrates nos próximos tempos. Neste momento, não há quem consiga imaginar este partido capaz de governar Portugal, a não ser alguém num estado completamente psicótico.
O exercício do poder é o grande motivador da política em Portugal. Isso explica bem, porque razão é difícil fazer oposição no nosso país. Nunca existiu uma tradição de uma oposição forte e coerente no nosso sistema político, com um programa alternativo ao do governo. O
Adolfo Mesquita Nunes resumia uma parte do problema da oposição portuguesa de forma simples: existe
falta de sombra em Portugal.
Ao mesmo tempo, a discussão de ideias sobre qual deveria ser o rumo do partido, da oposição, e consequentemente de um futuro executivo, é colocada numa posição secundária em prol do debate sobre qual a melhor lista dos "notáveis" e "barões" do partido e sociedade. A procura destes oráculos, revela bem como o exercício da política não é mais do que um swing de um concílio de iluminados, que aguardam pela sua vez para tomarem as rédeas do poder. A dimensão do nosso país contribui para este clima de partilha de poder e de "amizades" políticas.
A actual situação no PSD é o reflexo do nosso sistema político. Como bem referiu
JPP, o problema não reside apenas no PSD, mas também no PS. O facto de todos os holofotes estarem a apontar para José Sócrates, fomenta uma falsa ilusão do problema, mas ele existe. E a seu tempo, também o PS terá que lidar com o problema.
Só uma última nota. Com o
show populista, socialista e sensacionalista de Menezes, quem me diga que apoia este último pela simples razão de fazer "melhor oposição" ao governo, concluo que todos esses simpatizantes vêm na oposição um mero instrumento de assalto ao poder e de irresponsabilidade política.