Promessas
A primeira cimeira UE-Brasil, realizada hoje em Lisboa, produziu o que a União Europeia melhor sabe fazer: promessas e boas intenções. Lula da Silva deu o mote, afirmando-se esperançoso que seria possível chegar à acordo nas negociações de Doha. O objectivo é eliminar qualquer barreira ao comércio livre, acabando com os generosos subsídios estatais que os países ricos fornecem a muitos dos seus produtos, na sua grande maioria agrícolas, e que desta forma impossibilitam uma justa concorrência e a possibilidade de países menos favorecidos conseguirem competir num mercado global.
A grande dor de cabeça da UE, ou melhor, do senhor Peter Mandelson, é a França e a meia-dúzia de agricultores franceses, que sugam 47% do orçamento comunitário para a famigerada PAC. Os EUA também não são inocentes, mas a intransigência da França torna qualquer negociação impossível. Se alguns manifestavam alguma esperança que esta situação terminasse com a eleição de Sarkozy, desenganem-se meus caros. Em matéria agrícola e de de subsídios chorudos, Chirac ainda está no Eliseu. E com tudo isto, José Sócrates repete a lengalenga que nos apresenta à dois anos: É preciso mais "justiça" e "equilíbrio". Só faltou a confiança e acima de tudo um "choque". A ronda de Doha agradecia...
A grande dor de cabeça da UE, ou melhor, do senhor Peter Mandelson, é a França e a meia-dúzia de agricultores franceses, que sugam 47% do orçamento comunitário para a famigerada PAC. Os EUA também não são inocentes, mas a intransigência da França torna qualquer negociação impossível. Se alguns manifestavam alguma esperança que esta situação terminasse com a eleição de Sarkozy, desenganem-se meus caros. Em matéria agrícola e de de subsídios chorudos, Chirac ainda está no Eliseu. E com tudo isto, José Sócrates repete a lengalenga que nos apresenta à dois anos: É preciso mais "justiça" e "equilíbrio". Só faltou a confiança e acima de tudo um "choque". A ronda de Doha agradecia...
1 comentário:
Bruno,
Apesar de tudo parece-me ter sido uma cimeira importante e oportuna. Se Portugal quer deixar uma marca nesta Presidência não pode ficar refém duma agenda que os alemães definiram para as duas Presidências seguintes. E é aí que Portugal deve jogar, ou seja, definir-se como um negociador preferencial para empresas dos países de língua oficial portuguesa que queiram entrar no mercado europeu, de preferência por Portugal. O que está em jogo não é o que se passa nas conferências de imprensa, não é aqui que vão ficar as grandes decisões, mas sim nos bastidores e o acordo entre a Petrobrás e a GALP é disso um bom exemplo.
Tive oportunidade de assistir à entrevista conjunta de Lula da Silva e José Sócrates à sempre muito informal Fátima Campos Ferreira e devo dizer que o discurso político e estratégico de Lula da Silva foi uma boa surpresa. É possível, com políticas sociais pragmáticas, obter bons resultados económicos e isso, felizmente tem acontecido no Brasil.
Para terminar uma palavra sobre a PAC. Eu discordo da forma como a PAC está construída mas o que a UE faz com a agricultura os EUA fazem com outros sectores, ou seja, há sectores cuja a subsídio dependência impede descontrolos nas balanças comerciais que afectariam todos os sectores, ou melhor, é outra forma de proteccionismo em sectores que não podem, dum momento para outro, deixarem de ser protegidos com o risco de criar uma bola de neve (balança comercial, desenvolvimento regional, emprego) que ficava sem controlo.
Abraço,
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