segunda-feira, maio 7

Saturação de criancinhas

Nota: Encontrei este draft, datado de 17 de Março deste ano, quando procurava um texto. Na altura, achei que já não valia a pena publicá-lo. Decidi fazê-lo hoje.


Cada vez mais começo a ver os telejornais passados 15 ou 20 minutos. É que desde algumas semanas, ou pelo menos essa é a minha impressão, tornou-se um suplício ver as reportagens. Eu já nem me refiro à propaganda de certos canais, mas sim às "notícias". Ainda não estava eu recuperado lá do caso da criança que tinha sido adoptada/raptada pelo coronel ou sargento, fenómeno que não acompanhei a não ser pelos títulos das páginas de jornais e durante o meu zapping pelos vários canais, quando sou confrontado com mais episódios. Não, não suporto aquelas correntes mediáticas emotivas que percorrem um país, onde parece que todos têm opinião e todos têm que assinam uns papéis, julgando por cabeça própria o destino de uma família. Simplesmente não aguento.

Hoje começo a ver as notícias às 20h em ponto e não é que existe mais um drama à volta de uma criancinha, com direito a directo e tudo. Que coisa mais deprimente. Reportagens, entrevistas, comentários no estúdio, tudo em redor de um drama familiar que aparentemente chegou ao fim, mas que dá pano para mangas. O país tem uma fixação por criancinhas, por episódios envolvendo criancinhas. Durante três dias, é tema de café, de trabalho e de viagem. As pessoas colocam para segundo plano os seus problemas, para acompanharem em primeira mão o caso que emociona de norte a sul, todos os portugueses. Todos alvitram o que se deve ou não fazer. Dizer que não se acompanha a saga da criancinha é o mesmo que confessar que não temos coração. Como é possível preferir a Fox News à história comovente da aldeia do norte?? A resposta é simples: há limites para tudo. O espectáculo de miséria e sensacionalismo em redor dessas histórias, que diariamente são apresentadas, é intragável. As telenovelas invadiram os nossos espaços informativos. Todos os dias, as pessoas ligam o telejornal para seguir o enredo que há uma semana acompanham. São notícias de abertura de telejornais, e duram e duram.

1 comentário:

Anónimo disse...

Realmente a Fox News é menos deprimente e com a vantagem de ser muito mais imparcial. Como pode uma pessoa normal trocar esse jornalismo de eleição "por episódios envolvendo criancinhas"? Tens toda a razão, nada como ver notícias e estar informado, ao mesmo tempo, dos acontecimentos marcantes na bolsa ;)